Romeo Seibel, mais conhecido como Chiquinho do Acordeon, nasceu
na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, em 7 de novembro
de 1928 e faleceu no Rio de Janeiro em 13 de fevereiro de 1993.
Chiquinho, que foi um bebê grande para a idade - aos 8 meses
já pesava 12 kg - ganhou esse apelido por causa de um comediante
da época chamado Chico Bóia.
Mais tarde, já no Rio de Janeiro, quando começou
a trabalhar na Rádio Nacional, incorporou o "do Acordeon".
Era bisneto de alemães, o que explica a influência
musical de valsas vienenses e polcas desde a infância. Em
sua casa aconteciam freqüentemente saraus, quando seu pai,
João Walter Seibel tocava bandoleon e clarinete, acompanhado
de sua esposa Julieta Seibel que tocava cítara.
Chiquinho começou a estudar acordeon em sua cidade natal
em 1937, pois aos 8 anos, no Natal de 1936, seu pai lhe dera de
presente seu primeiro acordeon, um "Alfred Arnold" importado
da Alemanha. Um amigo de seu pai aconselhou-o que o menino estudasse
com a professora Marieta Heuser, que muito o incentivou. Compôs
sua primeira polquinha "Caixinha de Música".
Ainda menino, formou seu primeiro conjunto, o Jazz Ideal. Fundou
e trabalhou na Rádio local, a ZYE-8.
Quando chegou ao Rio em 1949, aos 21 anos, Chiquinho foi trabalhar
na boate Chez Aimée (que depois veio a ser a famosa Cantina
Sorriento) levado por Paulo Tapajós. Depois trabalhou na
boate Monte Carlo de Carlos Machado, o "Rei da Noite".
Em 1951, gravou seu primeiro disco com o Regional Claudionor Cruz
no estúdio Star. Foi um 78 rotações com dois
choros: "Casca Grossa", de Guio Moraes e "Sereno",
de José Menezes e Luiz Bittencourt.
Trabalhou no programa "Música em surdina", na
Rádio Nacional ao lado de Garoto e Fafá Lemos, do
qual nasceu em 1952, o "TRIO SURDINA",composto pelos
três. Gravaram 2 LPs de 10 polegadas na Musidisc a convite
de Nilo Sérgio.
O primeiro LP do Trio, lançado em 1953, chamou-se "Trio
Surdina" e trazia músicas de Garoto como "Duas
Contas " e "O Relógio da Vovó" de
Chiquinho e Fafá Lemos. Esta última tornou-se um
grande sucesso e marcou definitivamente a autonomia artística
do conjunto.
Ainda em 1953, o grande maestro Radamés Gnatalli convidou-o
a fazer parte da Grande Orquestra Brasileira da Rádio Nacional,
incorporando-se assim oficialmente ao "elenco" da emissora.
Nesse mesmo ano, Chiquinho fundou seu próprio conjunto,
o "Chiquinho e seu Conjunto" que tocou em clubes como
o Tijuca Tênis Clube e o Bola Preta, entre outros, e em
muitos bailes de Formatura.
Em 1954, Chiquinho passou a integrar o Sexteto de Radamés
Gnatalli.
Chiquinho gravou cerca de 10 discos como SOLISTA. Como COMPOSITOR,
entre muitas polcas, o destaque foi a música "São
Paulo Quatrocentão"(1953) para as comemorações
do IV Centenário da fundação da cidade de
São Paulo. Composta em parceria com o amigo violonista
Garoto e com letra de Avaré, ficou um ano em primeiro lugar
nas paradas de sucessos, tendo vendido mais de 700 mil cópias.
Entre outras músicas de sua autoria destacam-se: "Esquina
da Saudade" (com Radamés e Alberto Ribeiro), gravada
por Jamelão, "Relógio da Vovó"
(com Fafá Lemos e Garoto), "Dobrado 27 de Fevereiro"
(com Radamés), "Um baile em Santa Cruz", "Sinimbu",
"Polquinha Gaúcha", "Estrela".
Compôs também arranjos para "jingles",
para vários músicos e cantores. Participou da gravação
de trilhas sonoras para cinema, com diversos maestros além
de Radamés Ghatalli, tais como Lírio Panicali, Edino
Krieger, Remo Usai, Guerra-Peixe e outros.
Em 1960, excursionou pela Europa apresentando-se em Portugal,
França, Inglaterra, Itália e Alemanha com o Sexteto
de Radamés, na III Caravana Oficial de Música Popular
Brasileira.
Foi diretor musical da TV-Excelsior de 1963 a 1967.
Um dos mais solicitados acordeonistas para gravações
em estúdio, Chiquinho acompanhou, entre outros, Elisete
Cardoso, Araci de Almeida, Carmélia Alves, Carlos Lira,
Maria Creusa, Marinês, Fagner, MPB-4, Luiz Gonzaga, Dominguinhos,
Altamiro Carrilho, Sivuca e outros músicos e cantores da
MPB.
Em 1977, Radamés compôs especialmente para Chiquinho
o primeiro "Concerto para Acordeon e Orquestra", apresentado
em 1978, na estréia, na Sala Cecília Meireles e
reapresentado no Teatro Municipal.
Em 1984 gravou com Sivuca o LP "Sivuca e Chiquinho do Acordeon",
pela Barclay no qual estão presentes duas composições
da dupla "Acalanto para Juliana" e "Rabo de fita".
No início de sua carreira no Rio de Janeiro, contou Chiquinho
que pensava assim, a respeito de tantos músicos maravilhosos
que passou a conhecer pessoalmente: "Para entrar "nessa
turma", ou me faço músico, ou vou morrer de
fome!" Convenhamos: era pura modéstia do Chiquinho,
considerado por todos eles como excelente instrumentista, de uma
honestidade e coerência musical enormes e um grande amigo,
conforme afirmou Sivuca ao entregar-lhe o troféu Cândido
Mendes do Projeto Meio-Dia de Música Instrumental em 1986.
Além desse, Chiquinho recebeu muitos prêmios e títulos,
destacando-se a medalha de "Melhor Instrumentista de 1963",
aos 35 anos de idade, concedida pelo Governo do Estado; três
prêmios Sharp, sendo dois em 1989, como melhor arranjador
e melhor disco na categoria instrumental e um em 1990 como melhor
música instrumental.
Romeo Seibel atuou com quase todos os intérpretes e instrumentistas
deste país e alguns do Exterior, como Astor Piazzolla,
tendo acumulado mais de 50 mil horas de estúdio "em
gravações que exigissem o som magistral do seu amado
acordeon".